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22 de novembro de 2007

Fim de Caso

Eu vejo você se levantar e acender um cigarro
Os passos incertos, o olhar tão vago...
Me pergunta se eu quero uma bebida
E ao receber minha resposta negativa
Vira as costas
Se serve de uísque
Duas pedras de gelo em seguida
E então se senta na cama
E eu envolta no lençol apoio a cabeça nos joelhos
Te sorrio enquanto ajeita os travesseiros
E você muito sério murmura algo que não posso ouvir...
E então você me olha, o azul turvo, já não há mais chama...
Afaga meus cabelos e diz sem muito drama:
- Acho que não dá mais!
Finjo que não compreendo
Solto uma gargalhada em desespero
Me agarro ao teu peito e pergunto o porquê
Você se afasta...
E enquanto veste seu jeans velho
Diz algo sobre rotina, ciúme
Recita tudo no pretérito...
Confessa que existe um outro alguém
E quando vê que meus olhos já se encheram d'água
Me beija a testa e diz: - Não diga nada!
Pega as chaves, abre a porta...
E mais uma vez te vejo partir!

Renata Sodré.

2 de agosto de 2007

Minha ausência, tua morte...


Esse texto é mais um desabafo do que qualquer outra coisa...


Presta atenção em todas as palavras que saem da minha boca agora e não se dê ao luxo de não entender ou fazer ouvidos moucos para tudo o que vou te dizer. Tudo o que eu falo servirá para você mais tarde e quando em desespero teu coração chamar meu nome, você lembrará de todas as frases, conjunções e vírgulas como adagas pontiagudas cravadas na sua alma e acredite, isso me fará sorrir!

Sua decisão já foi tomada e quanto a isso já não posso (e não quero) fazer mais nada. Talvez você não tenha percebido as conseqüências que estão por vir e não pense que isso é algum tipo de vingança, vontade ou praga.Quero só te alertar do perigo que você vai estar correndo sem mim.
Pode ser que nos primeiros meses você não perceba os sintomas, pode ser até que não sinta nada... empolgado demais com a nova namorada, mas acredite, em breve eles vão começar a se manifestar. No primeiro instante você pensará que é só saudade, dessas que a gente sente quando encontra uma foto empoeirada na gaveta, lê cartas de amor amareladas ou relembra de um passado bom, mas é muito mais grave...

Teu olhar se tornará vago e teus dias cada vez mais vazios. Nada te satisfará por completo e quando ela te beijar você sentirá um certo tédio e quando ela te sorrir, você sentirá seu mundo ruir. Desejará mais do que nunca que aquele sorriso fosse meu e por mais luz que tenha a sua volta,se sentirá num completo breu e meu rosto povoará tua cabeça e teus sonhos como um tumor maligno impossível de tirar e quanto mais tentar me esquecer, mais eu estarei lá!

Você vai lembrar de todos os nossos planos e desejará desesperadamente que o tempo volte alguns anos e teus únicos amigos serão o arrependimento e a culpa. Tuas lágrimas queimarão na tua pele como ácido, o ruído da minha risada estará por todos os lados e o meu cheiro estará entranhado em teus pulmões.

Ah, querido... Você deverá ser muito forte! Minha ausência para você será como a morte e meus beijos e carinhos serão teu único querer. Nossa canção tocará em todas as rádios, minha voz será um zumbido incessante nos teus ouvidos e meu sorriso estampará todas as capas de revista e tua TV.

Minha ausência se fará sempre presente na tua vida, como um fantasma vou te assombrar todas as noites e dias, o cheiro dos meus cabelos nunca mais sairão dos teus lençóis. E por mais que se esforce, por mais que chore ou tente esconder a ferida... Meus vestígios estarão sempre por perto. E por mais que o destino seja tão incerto. Ah! Meu bem... Teu amor por mim será teu paraíso e o teu inferno.

(Renata Sodré)

22 de março de 2007

Musa Mística


Para todos os amores que um dia se perderam pelo caminho...

E ele que pensava que aquilo tudo fosse um sonho...
Um devaneio surreal de cores monocromáticas
Os lábios entreabertos e a língua impávida.
Os olhos que se insinuavam entre brilhos e lágrimas
Os braços abertos e o corpo em movimento...
A saia rodada que se levantava com o vento!
E ele ali...
A presencear aquela cena!
A sentir a brisa amena!
A calar os seus desejos...
A fingir que eram dele aqueles beijos...
E a morrer, como só se morre de amor!

(Renata Sodré)

21 de março de 2007

O dia em que Sidney Sheldon morreu





A notícia veio assim... De súbito! Não usaram nenhum eufemismo barato para amenizar o sofrimento. Estava jantando quando o jornalista disse: “Morre hoje o escritor Sidney Sheldon”. Um susto, um baque... Sidney Sheldon era meu autor favorito,aliás, era mais, muito mais... __________________________________________


Sempre gostei muito de ler. De gibis a livrinhos infanto-juvenis foi um pulo, mas o meu gosto por ler, meu amor intenso e visceral pela literatura tem ano e nome. Foi no ano de 2001, quando eu tinha treze anos de idade. Comecei a ler meu primeiro livro adulto: ‘ Se houver amanhã ‘, seu autor: Sidney Sheldon.


Jamais vou esquecer das noites em que eu sentava no banco do bar dos meu pais, apoiava o livro no balcão e esquecia do mundo lendo as aventuras da minha heroína Tracy Withney e do seu romance tórrido com Jeff. Eu lia com tanta concentração que mal percebia o entra e sai do bar, os pedidos de cerveja, o som alto das risadas tolas dos boêmios.
Foram três noites assim. Sentada num balcão de bar como uma bêbada que pede mais um, eu me embebedava daquelas letras até três,quatro horas da manhã.


Lembro-me com nitidez de quando eu fechei definitivamente o livro.Li a última página com o anseio dos amantes que esperam o último beijo e terminei com a angústia incompreendida e a sensação de vazio de quem vê o seu amor partir.


Chorei como uma colombina na quarta-feira de cinzas vendo seu pierrot ir embora sem adeus! Chorei e não entendia o porquê, chorei e percebi que precisava dos livros para viver. Depois disso, li outros livros debruçada no balcão do bar, sentada no chão da sala, na viagem do ônibus...Conheci novos autores, uns até melhores que Sheldon, mas jamais vou esquecer do imenso abismo que se abriu diante de mim quando terminei de ler ‘ Se houver amanhã ‘.Sheldon pode não ter sido o melhor autor, pode ter tido seus clichês temáticos e suas repetições incessantes, mas ele significou para mim muito mais do que uma boa leitura. Sidney Sheldon me abriu as portas para o que veio a ser uma das minhas maiores paixões: Os livros!